ESG: crescimento sustentável focado no longo prazo

Em 2016, o mercado global de investimentos focados em critérios ESG representava 22,8 trilhões de dólares. Segundo a Bloomberg Professional Services[1], esse valor poderá chegar a 53 trilhões de dólares em 2025. Se confirmada a projeção, mais de um terço do total de ativos sob gestão no mundo estará focado em critérios ESG. Detalhe: a estimativa presumiu um crescimento de 15%, apenas metade do registrado nos últimos 5 anos.

No Brasil, a cultura ESG ainda é incipiente, mas vem crescendo de forma significativa em razão da influência global. Segundo levantamento[2] realizado pela Grant Thornton no segundo semestre de 2020, 89% das lideranças empresariais brasileiras reconhecem a importância das práticas ESG para os negócios. Além disso, mais de 90% entendem que elas podem melhorar a imagem da empresa no futuro e o relacionamento entre clientes e fornecedores.

O ESG tem ganhado crescente visibilidade nos últimos anos, principalmente em razão de questões climáticas[3] e da pandemia de Covid-19, que, de acordo com a KPMG[4], “escancarou os impactos da negligência ecológica, das desigualdades e dos riscos relativos à gestão temerária das empresas”. Hoje, o fenômeno ESG pode ser considerado uma das forças mais poderosas no mercado financeiro[5].

 

Mas, afinal, o que é ESG?

ESG significa Environmental, Social, and Governance (Ambiental, Social e Governança). Refere-se a práticas de sustentabilidade empresarial focadas em questões ambientais (ex.: redução da emissão de poluentes), sociais (ex.: igualdade salarial entre mulheres e homens) e de governança corporativa (ex.: transparência na apresentação de documentos aos acionistas).

A essência dos princípios ESG não é maximizar o lucro imediato, mas implementar uma conduta ética, socialmente responsável, sustentável e lucrativa, que atenda não apenas aos interesses dos acionistas, mas de todos os stakeholders[6]. Dessa forma, as empresas que adotam práticas ESG estarão mais preparadas para um crescimento sustentável e duradouro, que criará valor a longo prazo[7].

Entretanto, o ESG em si não é novo. O termo surgiu em 2004[8] e há muito mais tempo já se falava em investimento sustentável. A mudança veio dos consumidores, investidores e demais stakeholders, que perceberam que as empresas não devem ignorar as chamadas externalidades, ou seja, os seus efeitos e reflexos sociais, econômicos e ambientais. Esses agentes estão cada vez mais exigentes e dando preferência a empresas “ESG amigáveis”, o que torna a sustentabilidade empresarial fundamental para a sobrevivência das empresas.

Tendo isso em vista, a adoção de práticas ESG vai além da preocupação moral com a sociedade e o meio ambiente: o ESG se tornou um importante fator de mitigação de riscos para a competitividade no meio empresarial, sendo essencial para atender às novas demandas do mercado e manter a perenidade no longo prazo.

 

 

[1] ESG assets may hit $53 trillion by 2025, a third of global AUM. Bloomberg Professional Services, 2021. Disponível em <https://www.bloomberg.com/professional/blog/esg-assets-may-hit-53-trillion-by-2025-a-third-of-global-aum/>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[2] ESG: qual a relevância das práticas na visão das empresas brasileiras?. Grant Thornton, 2021. Disponível em <https://www.grantthornton.com.br/insights/artigos-e-publicacoes/ibr-h220—esg-qual-a-relevancia-das-praticas-na-visao-das-empresas-brasileiras/>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[3] Climate change has made ESG a force in investing. The Economist, 2019. Disponível em <https://www.economist.com/finance-and-economics/2019/12/07/climate-change-has-made-esg-a-force-in-investing>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[4] COUTINHO, André. ESG no modelo de negócio. KPMG, 2020. Disponível em <https://home.kpmg/br/pt/home/insights/2020/09/esg-modelo-negocio.html>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[5] WIGGLESWORTH, Robin. ESG rush opens opportunities for betting against the angels. Financial Times, 2021. Disponível em <https://www.ft.com/content/262f2dfa-82bc-4454-96aa-bc5c38f82cdd>. Acesso em 29 de abril de 2021.

 

[6] FRAZÃO, Ana. Capitalismo de stakeholders e investimentos ESG. Parte III. 2021. p. 2. Disponível em: < http://www.professoraanafrazao.com.br/files/publicacoes/2021-05-12-Capitalismo_de_stakeholders_e_investimentos_ESG_Consideracoes_sobre_o_tema_apos_50_anos_da_publicacao_do_artigo_seminal_de_Milton_Friedman_Parte_III.pdf>. Acesso em 29 de setembro de 2021.

 

[7] LIPTON, Martin; ROSENBLUM, Steven; SAVITT, William. A Framework for Management and Board of Directors Consideration of ESG and Stakeholder Governance. Harvard Law School Forum on Corporate Governance, 2020. Disponível em < https://corpgov.law.harvard.edu/2020/06/05/a-framework-for-management-and-board-of-directors-consideration-of-esg-and-stakeholder-governance/>. Acesso em 29 de setembro de 2021.

 

[8] ESG – Entenda o significado da sigla ESG (Ambiental, Social e Governança) e saiba como inserir esses princípios no dia a dia de sua empresa. Pacto Global. Disponível em < https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg >. Acesso em 29 de setembro de 2021.

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