Sua visão de futuro

Colocada em prática ou esquecida na gaveta?

Uma das vantagens da época em que vivemos é o acesso a plataformas educacionais como o Coursera (www.coursera.org) e EDX (www.edx.org), que firmaram parceria com diversas universidades e oferecem cursos online de excelente qualidade pelos quais não se paga absolutamente nada.

Tenho aproveitado este recurso e, recentemente, fiz o curso Inspiring Leadership Through Emotional Intelligence da instituição americana Case Western Reserve University.  Uma das questões tratadas se refere aos fatores que motivam as pessoas para a mudança de hábitos que levariam a seu desenvolvimento. Este árduo processo envolve algumas descobertas: uma delas é a de quem gostaríamos de ser e o que desejamos para nossa vida e nosso trabalho, a fim de que seja possível estabelecer um compromisso com a visão de si mesmo no futuro que nos impulsione para a ação.

As pessoas percebem que conseguiram fazer essa descoberta quando sentem uma grande excitação diante das possibilidades que a vida lhes pode oferecer se seguirem por determinado caminho. Porém, o que comumente ocorre é que o fato de imaginar o caminho que leva a sua visão faça com que as pessoas se encham de preocupações e temores quanto aos obstáculos que podem encontrar. Assim, após a excitação inicial quanto ao futuro, elas são tomadas por uma percepção pessimista que as leva a manter o estado atual.

Há também aqueles que passam parte ou toda sua vida tentando ser quem seus pais, cônjuges, professores ou gestores dizem que deveriam se tornar.  Quando se aceita essa versão de quem devemos ser e se constrói a vida e a carreira baseada nela, fica-se cada vez mais preso às circunstâncias. O mesmo ocorre quando as organizações presumem que todo mundo deseja avançar na carreira assumindo um cargo de gestão, sem reconhecer que a definição de sucesso do indivíduo pode ser diferente desse caminho.

Na falta de outra forma de reconhecimento, como poderia ser a carreira em Y, por exemplo, oferece-se uma promoção. Para cumprir com as exigências que e vida lhes impõe, sejam elas financeiras ou de status, as pessoas dificilmente recusam a oferta para se tornarem gestores. Com o passar do tempo, acabam perdendo o contato com quem gostariam de ser e colocam a visão de futuro que os excitava na gaveta. Assumem responsabilidades financeiras com o sustento da família ou a manutenção do um estilo de vida e se dedicam com afinco, mas sem paixão, ao que fazem atualmente.

Por essa razão é tão importante, nos processos de desenvolvimento de lideranças, a etapa de provocar a busca pela descoberta de quem se quer tornar-se. Porém, muitos programas baseiam-se na premissa que o desejo verdadeiro do indivíduo é maximizar seu desempenho de acordo com as diretrizes impostas pelo treinamento. Havendo discrepância entre o estilo indicado no programa e os objetivos de aprendizagem do participante, temos como resultado a apatia e o consequente compromisso frouxo com a mudança. A questão é que, para melhorar seu desempenho profissional, as pessoas precisam estar genuinamente comprometidas e engajadas, e isso só se consegue se acreditarem estar colocando seus esforços naquilo que realmente importa para elas.

Laísa Weber Prust é gestora de recursos humanos do Marins Bertoldi Advogados Associados

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